Que seja eterno, mas quanto dura?
Há um ditado dito por Vinícius de Moraes que diz: “que seja eterno enquanto dure”,
Este ditado é usado como letra de musica, frases em pára-choques, poemas, etc.
Os poetas escrevem muitas coisas reais e muitas são metáforas, mas como saber o que é real e o que é uma metáfora? Pois quando nos desentendíamos com um coleguinha na classe, ele dizia: vou te matar lá fora, quando nossos pais não nos davam ou faziam o que queríamos, dizíamos: há, queria que meu pai morresse, quando não estávamos satisfeitos com nossa situação financeira ou não tínhamos dinheiro para jogar fliperama ou comprar chicletes, dizíamos: quando crescer vou virar bandido!
Fazíamos afirmações baseados na nossa “ira” juvenil, criando metáforas e usando forças de expressões muitas vezes irreais e sem lógica.
Mas o que dizer do amor? Tanto se escreve, tanto se fala, tanto se mostra em filmes, peças, novelas, mas nesses dias, pouco se vê e por mais que não admitamos isto em público, a verdade é que todos um dia sentimos falta dos coleginhas de classe, das brincadeiras inocentes e até mesmo das briguinhas, largamos os fliperamas, alguns enjoaram das guloseimas infantis e outros sofrem com a perda , ainda naquela época, de um pai ou uma mãe!
Falar da eternidade é muito para nós, seres que vivem tão pouco, quando muitos objetos, arvores e animais, vivem muito mais que nós, mas falar de amor também não é coisa fácil, em dias onde se morrem mais de 200 pessoas e tudo que se faz é dizer: “o senhor tem que esperar” ou mesmo abrem-se discussões e criam-se pacotes de medidas que nunca são eficazes na resolução do problema, dias em que filhos matam os pais, amigos matam amigos, pessoas matam por discussões no transito, dias em que amamos demais uma coisa e já não mais amanhã, hoje dizemos em alto e bom som que não largaremos mais determinada coisa ou pessoa, amanhã parece que ela nunca foi presa a nós!
Trocamos de curso na faculdade, trocamos celulares, carros, de profissão, de grupo de amigos, de lugares que freqüentamos, trocamos de tudo que dizemos amar, que temos como nosso, um dia cursamos Direito, no outro preferimos Educação Física, um dia este é o carro que sempre quis, no outro estou de moto, trabalhar nisto é minha “praia”, no outro dia já não é mais a minha, hoje ando com você, amanhã tenho novos amigos, hoje aplaudimos, amanhã vaiamos, temos a coragem de sair do altar e parar no fórum, em um lugar juras de amor eterno, no outro ofensas e acusações!
O eterno enquanto dure, tem durado uma noite, um período, uma aventura e infelizmente quase nunca tem sido para sempre e se não é para sempre, não é eterno, usamos a desculpa do próprio verso, colocando duração nas coisas e principalmente nas pessoas, achando que cursando um período, já é eterno, achando que uma noitada já é bom demais, que é melhor dar uma ficada do que assumir um compromisso, que posso arrumar algo melhor e ganhar mais, ou mesmo, que não estou sendo valorizado como devo aqui, pensamos ter razoes para estas coisas, nos enchemos de razoes para tais coisas, esquecendo que muitas vezes perde a razão aquele que se enche de razão, esquecendo que às vezes um passo para trás significa andar mais do que dar uma corrida para frente, antes de pensar se temos motivo para tomar uma atitude, devemos saber se não demos motivo e em se tratando de pessoas, cabe outro ditado que diz: quando um não quer dois não brigam!
Quando trocamos de coisas e de pessoas em nossa vida, muitas vezes somos impulsionados pelo consumismo e pelo egoísmo, queremos o que é mais moderno ou que é mais bonito, não medindo as conseqüências, usamos o “eu”, querendo apenas o que é bom para nós, sem pensar em mais nada e em mais ninguém, importa muito mais que seja eterno enquanto dure, do que ser durável pela eternidade, assim damos as pessoas apenas a oportunidade de errar e a nós, a oportunidade de fugir!
Vivemos tentando fazer com que nossa palavra tenha crédito, mas a trocamos frequentemente, propagando voluntária e involuntariamente, essa troca de valores, troca de posições, de conceitos, de pessoas, de cama!
Para se fazer eterno, temos que quebrar o prazo de validade, que se viva pela vida e não por um momento que se use a poesia para abrilhantar a vida, mas se use os pés para vivê-la!
É preciso antes de escolher, pensar se vamos fazer eterno, se aquele prazer momentâneo será capaz de alegrar pelo resto dos dias, se um breve sorriso alegra a alma por toda a vida, se renunciar talvez não seja a melhor escolha, assim a escolha pela faculdade, durará a eternidade dos quatro ou mais anos, a escolha da profissão durará a vida inteira do bom e realizado profissional, a escolha dos amigos durará a eternidade que parecem ser os maus momentos e a escolha da pessoa amada, enfim, durará até que a morte os separe!
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