sábado, 12 de janeiro de 2008

A CRISE DO "P"

A crise do “P”

Nos últimos anos a palavra crise vem sendo cada vez mais comum em nosso vocabulário, ouvimos falar em crise a todo o momento, é crise econômica, da aviação, da bolsa de valores, do futebol, do automobilismo e por aí vai, ás vezes parece que o mundo está em crise, só de falar em crise já dá uma em nós. Entramos e saímos de crises, mais entramos do que saímos, pois algumas crises parecem não ter fim e muito menos quererem acabar.

Quando eu cursava o colegial, não era raro encontrar meninas se comunicando com tal língua do “p”, ao pegar cadernos destas meninas, podíamos observar por todas as capas e em algumas páginas, versos e recados escritos nesta língua e devo confessar que nunca entendi bem como aquilo funcionava, a única coisa que me recordo é que uma vogal ou as consoantes eram substituídas pela letra p, o que tornava a compreensão impossível aos que não soubesse como de fato funcionava.

Hoje um pouco mais crescido, vejo uma sociedade que se comunica com outras línguas, muitas línguas, línguas que todos entendem, línguas que ninguém entende, uma sociedade onde muito se fala e ninguém se entende, onde um dia que falou o que o outro não entendeu e ninguém fez o que todos ouviram! Uma verdadeira crise da comunicação, no entanto, dentre todas essas crises, está a crise que mais tem danificado o homem, uma crise que tem causado dia após dias um rombo muito maior que o da crise financeira, que tem sido a maior causa das revoltas, traições, abandonos, insubmissões, infidelidades, rebeldias e abandonos, a crise do p.

A crise do p é a crise da ausência do pai, professor, patrão e pastor na vida do ser humano, ela começa desde muito cedo a se instaurar e os seus resultados vêem causando grandes frustrações na sociedade, que por sua vez não está buscando tempo para resolvê-la. Todos precisam de um pai, pois o pai é o primeiro referencial de liderança na vida da criança, o pai é o apoio e o direcionador na vida do filho, ensinando um dos maiores problemas hoje dos homens: a submissão. A criança que tem um pai presente e tem esta relação de forma sadia, sem ser violada em seus direitos e sem ser saqueada da presença do pai, tem melhores condições de se submeter a toda q qualquer tipo de liderança, seja ela boa ou má. Esta ausência de pai, a falta da figura paterna ou a presença de um pai distorcido em seu caráter, tem gerado jovens insubmissos e irresponsáveis, pois muitos pais só o são biologicamente, preferem pagar ao invés de educar e amar.

A ausência do professor vem como uma soma para o estabelecimento desta crise, pois a cada dia está ficando para trás aquela lembrança do professor amigo, que muitas vezes cumpria até mesmo a função de pai, o que fica depois da hora, só para nos ensinar aquilo que não entendemos bem na aula. Cerca de 90% dos professores da rede pública, são mulheres. Vemos cada mais as mulheres assumindo cargos de chefia, não há mais, também, o chefe que era amigo da família do funcionário, daquele que em épocas de fim de ano, mandava presentes para os filhos dos funcionários, do que conhecia e respeitava cada esposa de seus empregados, o chefe conselheiro, que torcia e zelava pelo empregado.

Na questão religiosa não tem sido diferente, independente de crença e religião, a figura masculina vem sendo diluída, o líder espiritual, seja ele, padre, pastor, guru, pai de santo, guia, ou o que for, está cada vez mais sem tempo, cada vez mais escasso encontrar e falar com esses lideres, causando assim o crescimento das mulheres neste setor, passando suas responsabilidades para freiras, irmãs, mães de santo, adivinha, madres, rezadeiras, etc.

Não há problema algum em mulheres estarem em cargos de chefia ou liderança, o problema é quando para que isto aconteça, a figura masculina fique em segundo plano, ocorrendo a desfiguração do homem na sociedade, a perda do referencial masculino, gerando mulheres inseguras e filhos expostos a carência, insegurança, rebeldia e sensualidade.

Mão é uma só, se xingar a minha mãe eu te mato, a mulher tem que conquistar seu espaço.

Está mais do que na hora da mulher conquistar seu espaço, mas frases como estas, têm gerado certos conflitos, pois tem levado as mulheres a ultrapassarem seu espaço, tem gerado uma orfandade, criando as “super” mulheres, as que têm que ser pai e mãe, trabalhar demais e ainda cuidar da casa e dos filhos, violentando seus de fato direitos.

Um terço dos brasileiros não possuem o nome do pai na certidão de nascimento e se formos ver todos estes casos de acidentes de transito, assassinatos, trafico de drogas, cometidos por jovens, fica claro que o maior problema é a ausência dos pais, um problema que atinge a todas as classes, porque muitas vezes são filhos de gente de classe média alta, mas que simplesmente cometem esses crimes e os pais vão lá e pagam a fiança.

Portanto, dentre todas as crises que estamos vivendo, e não são poucas, busquemos resolver a que mais tem causado danos, a que tem atingido alma e não o bolso, a crise do p.

Tenhamos e sejamos referenciais, busquemos resgatar nossa imagem como homens, afinal mãe é uma só, mas ninguém faz um filho sozinho, sejamos mulheres de posição, da nossa posição, sejamos mães e não pais, para enfim desfrutarmos da família, cultivando o habitar em família, retomando a ordem natural das coisas, para que nossos filhos sintam-se seguros e usarem o p apenas para a brincadeira de criança e não para lembrarem de feridas, magoas, abandonos, revoltas, insubmissões e cicatrizes, cicatrizes estas que o tempo nuca apaga, assim voltaremos a ver nos murais, desenhos com a casinha, o papai, a mamãe, o irmãozinho e eu, a criança segura e feliz!

Luciano Pierre

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