Eu sou o cara!
Quando ouvimos alguém dizer que é o cara, nosso pensamento logo nos remete o jogador Romário, famoso por dar esta declaração, Romário colecionou muito amigos, títulos e aplausos, mas também obteve muitos desafetos. Grandes amigos dentro de campo e inúmeras criticas fora dele!
Uma coisa que poucos percebem ou sequer comentam, é que nesta mesma declaração ou pouco antes de fazê-la, o jogador diz que Deus olhou lá de cima e disse: aquele é o cara e só depois de dizer isto é que ele afirma ser o cara, seria ele um jogador abençoado por Deus e marrento por natureza?
Os próprios evangélicos reconhecem que Deus dá os dons a todos, seja a pessoa da religião que for, cabendo a pessoa como, quando e onde vai usar, eles afirmam que isto tem a ver com a tal questão do livre arbítrio, mas deixando as discussões teológicas à parte, o fato é que nascemos sim com dons, podemos identificar em crianças certas habilidades para determinadas coisas, sendo verdade também que quem decidirá se vai usá-lo para o bem ou mal é o próprio possuidor do dom.
Muitos tem usados seus dons, muitos não, uns buscam a todo o momento aprimora-lo, outros, e não são poucos, preferem entrar para a vasta lista dos que apenas tem jeito para a coisa.
No mundo em que vivemos, nestes dias atuais, onde queremos tudo depressa, onde quase não dá tempo para nascer que já somos todos atarefados, temos preferido baixar os níveis, seja em qual área for, pois não temos e não damos tempo para qualificações e não queremos ter “trabalho”, já que manter o nível ou mesmo eleva-lo, dá trabalho!
Quantas madrugadas não perderam aqueles que se tornaram homens de sucesso, quantas horas desgastantes de estudos não enfrentam os “
Estamos preferindo a comida rápida e acabando por nos engasgar com ela, fazemos tudo na correria, abortamos planos, sonhos, projetos, abortamos vidas, pois é mais fácil fazer um filho do que acordar todos os dias com a futura mãe de um, a escada de um degrau é mais fácil de subir, o problema é que depois que a subimos, aí sim queremos olhar para cima, gerando brigas, frustrações, decepções, humilhações e constrangimentos.
Quando Romário declarou ser “o cara”, muitos jogadores o criticaram, mas não vimos muitos, talvez nenhum, dizendo que por não possuir um dom como o dele, iriam treinar mais, iriam abandonar as noitadas ou sequer analisar os vídeos dele para ver questões como posicionamento e frieza na frente do goleiro. É mais fácil criticar do que se qualificar, pois para criticar só é necessário abrir a boca, já para se qualificar é necessário abrir a mente, na critica se perde apenas saliva e oportunidades de ficar calado, na qualificação se “perde” tempo, dinheiro, se perde o conforto de estacionar no degrau onde se está!
Quando alguém diz que é bom em alguma coisa, logo pensamos ser esta pessoa orgulhosa, tentando achar um defeito em algo, se ela diz: “dá em mim que eu resolvo”, criticamos sem dar-lhe oportunidade de defesa, pagamos para ver se ela irá de fato resolver e no caso do jogador, não vimos repórteres dando incentivo, dizendo:” isto mesmo, vai sim, você vai nos trazer a copa, você é bom goleador”, não, o que vemos é uma gama de gente torcendo, gente torcendo para ele se dar bem e gente torcendo para ele se dar mal e ter que engolir tudo que falou, apenas torcendo e mesmo sem o apoio de cem por cento fomos campeões e mais uma vez deixamos passar despercebido uma declaração, a do próprio jogador, artilheiro, melhor jogador do mundo naquele ano, dizer que não sabe marcar e que se não fosse o jogador Dunga (marcador aguerrido) e todo o pessoal da defesa, eles jamais teriam sido campeões.
Quem entra no mar da vida no barco da critica, dificilmente curte a viagem, sequer vê a paisagem, pois as mais belas paisagens podem estar nas entrelinhas da vida, pode estar no seu quarto enquanto estuda, pode estar nos minutos a mais que você decide se organizar melhor naquilo que faz, talvez as grandes perolas de Romário não estejam nas suas maiores declarações e sim nas entrelinhas, o segredo não está em ele dizer que quem sobe agora não pode já ir sentando na janela e sim reconhecer que ele não é o motorista, reconhecendo que ele pode ter sido um grande jogador, mas foi sempre conduzido por alguém.
Portanto se você estiver do lado do cara que sabe trocar uma lâmpada, corra para o interruptor e aguarde o sinal, não se preocupe nas volta que ele dará na lâmpada, preocupe-se em apertar o botão, preocupe-se em apertar os botões de sua vida, em apertar os botões da qualificação, da perseverança, da vontade e da coragem, porque a escada de um degrau é para aqueles que preferem torcer e não jogar , esquecendo que o 12º jogador não participa da premiação, ele grita, pula, vibra, ri e chora, mas não entra em campo e muito menos tem a chance de dar a volta olímpica.
Quem pára no primeiro degrau, nos seus momentos de insatisfações ou na hora em que olhar para cima, vai querer que “os caras” que estão lá em cima desçam pelo menos um pouquinho, quando a verdade é que os 1000 gol de Romário nunca irá diminuir e sim os outros jogadores encurtarão a distancia até eles, fazendo mais gols, quem está em cima não tem intenção de descer e talvez nem possa mais, é hora de quem está em baixo se preocupar em subir, em que degrau você está?!
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