QUEM É O MOCINHO?

Quem é o mocinho?

Quando você era criança e brincava de policia e ladrão, o que preferia ser, policia ou ladrão? Na sala de aula, era melhor ficar do lado dos “foras da lei” ou dos escolhidos para ser monitor?
O mocinho sempre foi o papel desejado por todos, inclusive por motivos de segurança, pois há relatos de atores que chegaram a ser agredidos na rua, por causa de um papel de vilão.
Mas quem é o mocinho? O que mais nossas crianças desejam ser nos dias de hoje? Com tanta impunidade, apologia à violência, a elevação da imagem do “valentão”, deve ser um pouco difícil escolher um papel, com um roteiro tão degradante.
Temos invertido tanto os papeis os valores e às vezes até o próprio curso da vida, brincando com a frase: “o errado é que está certo” que acabamos manipulando as coisas exatamente para a direção contrária.
É gente dizendo que vai entrar para a polícia (PM), só para roubar muito, deputados querendo apenas votar seus aumentos, pais insistindo em dizer que o filho tem que ser macho, “pegar” geral mesmo, que homem não chora, jogadores fazendo gols e comemorando xingando palavrões, diante das câmeras, diante do mundo.
Quem é o mocinho?
Será que a mídia mostra quem o é de verdade?
Músicas dizendo que se der “mole” eu beijo mesmo, referindo-se ao marido da outra, outra dizendo que tem que ter uma amante, mas pra que? Se muitos “machões” nem se quer criam seus filhos! Um se apaixona pela pessoa errada (a namorada do amigo), outra chama o marido de: “safado, cachorro e sem vergonha”, mas sustenta-o, enquanto a “amiga”, vai arranhar os discos, invadir a casa e fazer da vida do ex, um inferno, pra ver se ele volta, enquanto um vai fumando tudo até a última ponta, um aperta, mas não acende, um se deprime e vai pro bar beber todas e conversar com o garçom, por saber que a “amada” vai se casar com outro, a outra prefere esnobar o professor que não quis se envolver com uma aluna, deixando-o babando e saindo com seu “cachorrinho”!
Nem os desenhos animados escaparam da inversão de valores, afinal, porque é que o Pica-pau, o Perna longa, o Papa-léguas, o Jerry e tantos outros personagens que admirávamos, eram tão violentos e cruéis?
Será que é por isso que nossas crianças só sabem brincar de briga, dormem com um “monstro”, um robô ou um boneco fortão?
Ainda na mídia, o que dizer dos filmes, em Rock, ele debocha dos adversários, pedindo que o batam mais forte, em caçadores de emoção, o policial admira tanto o bandido que o deixa fugir, o mesmo ocorre em velozes e furiosos, em Titanique, a história de amor começa numa traição, em o máscara, ele vive desrespeitando o detetive, em as aventuras de Dick e Jane, eles passam a roubar para arrumarem grana e manterem uma vida de luxo e por falar em roubo, temos onze homens e um segredo, que timaço de atores para proclamar o errado, em Paparazzi, o ator de cinema se torna um assassino dos chamados foto jornalistas, em advogado do diabo, ele é absorvido, em por um fio, o atirador passeia livremente, dando uma olhada na vítima, em um tira muito suspeito, o bandido cruza a fronteira e está livre, com todo dinheiro, em um ato de coragem, um pai usa uma arma para conseguir salvar seu filho, “como torcemos por aquele pai”, aliás, quem não torceu para o roubo de onze homens e um segredo dar certo?
Afinal, quem é o mocinho?
Eu, você, meu filho e seu filho, nos baseamos em quem tem o papel principal, na figura de destaque, mas o que faz a figura de destaque, por que destacar o cara que faz sua própria lei, que é fora da lei, que fere os princípios, a moral, que fere pessoas, parece que os rebeldes são mais valorizados, os “malandros” modelos de vida, que os herói que morreram de overdose, foram os melhores, só não souberam salvar a própria vida!
Que referência à sociedade vai ter, que referencia você vai ter? Acha que é mocinho do seu filho, largando a mãe dele e pagando pensão? O mocinho dos seus funcionários, pagando o salário, mas tratando todo mundo como escravo e não pagando os impostos? Mocinho da sua mulher, pondo comida em casa, mas não dando carinho e tento outras na rua? Mocinho no seu colégio, por andar com a galera fera, mas matando aulas para ir a outros lugares e tendo que colar na prova, por não saber a matéria? Mocinho do seu chefe, por ser amigo dele, mas tirando duas horas de almoço, usando folhas, telefone e computador para uso pessoal? Mocinho na noite por “pegar” geral, mas incapaz de dar um beijo na sua mãe?
Quem é o mocinho? Talvez a frase esteja apenas ao contrario, talvez ela seja: “o certo está errado”, errado no pensamento, errado nas atitudes e principalmente nas motivações, pois às vezes deixamos de fazer o certo com medo do que vão falar ou buscando simplesmente a aprovação de um grupo ou de alguém, já que todos estão fazendo, mesmo sabendo que é errado acabamos fazendo.
É hora de revermos o papel que estamos fazendo neste filme de por as coisas no lado e rumo certo, de ler o roteiro direito e improvisar se for o caso, mas se permitir pensar, pensar principalmente em como será o final, pois sempre torcemos pro bandido morrer no final, mas com essas atitudes, devemos torcer pra quem?
Devemos torcer para que os dois vivam, pois antes de pensar se da para mudar o bandido, pensemos se da para mudar a nós mesmos!